Quais os principais desafios das empresas para inovar

Muitas empresas enfrentam inúmeras dificuldades para inovar. Essa é uma atividade complexa, que somente nos tempos atuais tem se tornado mais comum e aplicável dentro de um cenário operacional cotidiano. A complexidade ainda ganha novo prisma dependendo do tamanho da empresa, sendo ainda mais desafiador para as PMEs, que tendem a ter uma gestão mais pessoal, corpo enxuto de colaboradores, centralização de responsabilidades, entre outros fatores.

De acordo com o relatório ACE INNOVATION SURVEY 2019, quase 70% das empresas alegam sofrer algum tipo de disrupção em seu segmento, sendo a inovação a única alternativa viável para manter a competitividade. Porém, apenas 25% dessas empresas já possuem um design operacional que favoreça processos de inovação. Ou seja, há necessidade, mas ainda falta estrutura e processos bem definidos.

O relatório, realizado no primeiro semestre de 2019, ouviu gestores de empresas de 10 setores da economia e ajuda a traçar não só o panorama de inovação no país, mas elucidar os problemas que as empesas enfrentam, hoje, para inovar.

Os freios são muitos. Para empresas menores, pode-se achar que o lado financeiro pesa muito, mas nesse aspecto não há tanta diferença para com empresas maiores. Os problemas, geralmente, estão ligados à falta de gestão e planejamento, algo que facilmente é resolvido se for aplicado corretamente um sistema de gestão adequado à inovação.

A recém-lançada norma ISO 56.002, propõe justamente criar uma gestão de inovação dentro da estrutura de empresas de qualquer porte ou segmento. Ela ajuda a lidar e evitar os problemas que as empresas normalmente encontram para inovar.

Um desses desafios é a falta de liderança visionária. Assim como um departamento precisa de uma liderança, a inovação também precisa de alguém engajado em coordenar a prática dentro da empresa. Somente 26% dos entrevistados de cargos mais baixos se dizem satisfeitos com o envolvimento da diretoria e gerência em iniciativas de inovação. Os colaboradores notam que os líderes estão em falta.

Outra vertente fundamental é o treinamento. Desde o processo de concepção, passando pela ideação até sua execução, é preciso que haja pessoal bem treinado, que saiba como conduzir as ideias inovadoras até uma aplicação bem sucedida, que trará resultados para a empresa. É preciso que a equipe saiba percorrer esse caminho. Mais de 53% das empresas ainda não tem um departamento de inovação estruturado, o que evidencia a falta de preparo.

Uma vez que os processos se tornam estruturados, é preciso definir as metas. Sem KPIs claros é impossível traçar objetivos e analisar resultados. Tudo isso faz parte de inovar de forma sistemática. É curioso que errar faz parte do processo e, nesse caso, as PMEs entendem melhor isso, já que mais de 50% dos entrevistados dessa categoria afirmam que fracassos são vistos como aprendizado, enquanto que isso só é assim em 26% das grandes empresas.

Superadas essas questões, é hora de mensurar os resultados. Apenas 25% das empresas  dizem conseguir calcular o ROI de inovação. Contraditoriamente, esse é o primero item que os gestores de uma empresa querem saber. Só com metas bem definidas e objetivos claros é possível calcular o ROI. A inovação deve ter método e não acontecer em um ambiente caótico. O foco é transformar ideias em resultados financeiros.

Também é relevante ter um grupo de pessoas envolvido com a mudança. Um conselho de inovação auxilia a aplicação e continuidade da gestão de inovação em paralelo com os processos cotidianos. Mais de 47% das empresas ainda não têm um conselho de inovação. Em 75% delas, a percepção de inovação é baixa ou moderada.

Todos esses aspectos são amplamente tratados e desenvolvidos dentro da ISO 56.002. Provavelmente, essa norma seja hoje a forma mais robusta e eficiente para se implementar um sistema de gestão voltada à inovação. Ela é resultado de mais de 10 anos de estudos sobre inovação e está baseadas nas melhores práticas e metodologias empregadas nos 163 países membro dessa organização sem fins lucrativos. O Brasil, inclusive, foi um grande apoiador desse movimento e conquistou uma das primeiras certificações do mundo.

A ISO 56.002 está apoiada em pilares como gestão de insights, gestão de incertezas, liderança, cultura, resiliência, realização de valor e principalmente direcionamento estratégico. Num mundo de rápidas e constantes transformações, se preparar para o amanhã é uma obrigação que temos para hoje.

*Alexandre Pierro é engenheiro mecânico e bacharel em física nuclear aplicada pela USP com pós-MBA em inovação. Passou por empresas nacionais e multinacionais, sendo responsável por áreas de improvement, projetos e de gestão. É certificado na metodologia Six Sigma – Black Belt, PMBoK e Scrum, além de Master em 4ª Revolução Industrial & Emerging Technologies. É especialista e auditor líder em sistemas de gestão de normas ISO, sendo membro de vários grupos de estudos da ABNT. É um dos responsáveis pela formatação da recém-publicada ISO 56.002, de gestão da inovação.

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