Empresário monta rede de pizzarias para livrar pai da depressão

Muitas histórias de negócios de sucesso começaram em meio a grandes dificuldades ou até mesmo em situações de desespero. A trajetória da Patroni, uma das maiores redes de franquias de pizzas do Brasil, foi uma dessas histórias. Quando Rubens Augusto Junior ouviu da boca do médico que seu pai passava por uma depressão muito forte pela falta de atividade e que se não conseguisse se ocupar de alguma maneira, as chances dele ter um novo infarto e até mesmo vir a falecer eram grandes, ele decidiu, naquele exato momento, que abriria um negócio próprio para seu pai.

Ter uma pizzaria foi a primeira ideia que veio à cabeça de Rubens Junior, simplesmente pelo fato de que ele tinha paixão por pizzas e já estava acostumado a prepará-las para receber amigos e familiares em casa aos finais de semana. Assim, a primeira loja da Patroni começou a funcionar no bairro do Paraíso, em São Paulo, e foi só questão de tempo para o negócio crescer. Com Rubens Augusto, pai, à frente da operação, o negócio teve muito sucesso e um crescimento avassalador, apesar das dificuldades que enfrentaram em diversos momentos. E, atualmente, a Patroni tem 210 lojas por todo o Brasil e faturamento na ordem de R$ 360 milhões por ano.

Quando a família dos Rubens passou por essa crise familiar, o Brasil também estava em crise. Era o ano de 1984 e Rubens Augusto Junior tinha seu emprego na diretoria financeira da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), porém seu pai, Rubens Augusto, tinha acabado de ser demitido da fábrica de móveis em que trabalhava.

Talvez, por causa da idade ou situação econômica difícil no país, Rubens Augusto teve dificuldades para encontrar um novo emprego na época em São Paulo. “Com essa dificuldade em se recolocar no mercado, meu pai entrou em depressão e acabou sofrendo um infarto”, relembra Rubens Junior. E, foi justamente esse momento de aflição e desespero que fez Rubens Junior vislumbrar no empreendedorismo a chance para salvar seu pai. Então, ele reuniu as forças que tinha e fundou a primeira unidade da Patroni em um sobrado no bairro do Paraíso, em São Paulo. No início, o empreendedor novato manteve seu emprego na Cesp em paralelo com a pizzaria. Ele conta que saía às 18 horas do escritório e ficava até aproximadamente 1 hora da madrugada no balcão da pizzaria, de segunda a segunda, incluindo feriados.

 

Mas todo esse esforço compensava quando ele via o pai trabalhando na pizzaria na maior alegria. O negócio era administrado com mais dois cunhados de Rubens Junior. Mais tarde, ele comprou a cota de um dos cunhados para dar de presente ao seu pai por toda a dedicação à empresa. Rubens Junior explica que a Patroni funcionava em formato de entregas delivery, que era bastante inovador para a época.

As entregas eram feitas a pé ou de bicicleta, mas algum tempo depois, a empresa decidiu investir em uma pequena motocicleta para aumentar o raio de atendimento. Porém, já no primeiro dia de operação, a motocicleta foi roubada. Depois, Rubens Junior soube que ela tinha ido parar no bairro de Diadema e como eles precisavam fazer dinheiro para pagar o empréstimo do banco, ele corajosamente foi até o local e simplesmente pegou a motocicleta de volta. Dessa forma, o investimento valeu a pena e com o dinheiro extra que passaram a ganhar, investiram na segunda unidade da Patroni, no bairro do Planalto Paulista, em 1988. “Isso foi o começo da nossa expansão, que nos levou até as 210 unidades que temos atualmente”, recorda Rubens Junior.

Tudo ia bem e o negócio estava de fato engrenando, quando o pai de Rubens Junior faleceu. Para agravar a situação, em um intervalo de menos de dois meses, um dos cunhados que trabalhava na empresa também faleceu. Nessa época, era o ano de 1997, Rubens Junior ainda trabalhava na Cesp e teve que decidir entre continuar a carreira na empresa ou cuidar da expansão da rede de pizzarias.

A opção dele por administrar a Patroni fez o negócio crescer ainda mais e, em 2003, a empresa passou a integrar o mercado de franquias, dando início a expansão para todo o Brasil. Uma cozinha central foi criada para que os alimentos pudessem ser produzidos nas porções exatas para serem finalizadas. Esse avanço permitiu que o negócio ganhasse escala, refletindo no rápido aumento do número de restaurantes. Além disso, Rubens Junior comenta que a Patroni passou a investir em um cardápio diversificado para atender às necessidades do público em diferentes horários, servindo opções de almoço, jantar e happy hour.

O empreendedor acredita que o sucesso da Patroni também esteve diretamente ligado à dedicação que ele, o pai e a família tiveram ao negócio desde o princípio e também ao constante desejo de inovar, tratando os clientes como parte da família e trazendo cada vez mais novidades ao mercado. “Todo negócio pode ter sucesso, mas para isso é preciso fazer previsões de cenários positivos e negativos, imaginando como agir em cada caso. O planejamento é essencial, principalmente quando falamos de investimento de capital, não devemos querer abraçar o mundo logo de cara”, aconselha. Além disso, Rubens Junior diz que é essencial ter persistência e entender muito bem o mercado em que se quer ingressar, só assim poderá identificar os investimentos que serão necessários para dar vida ao negócio.

Nos 30 anos da Patroni Pizza, Rubens Junior avalia que o momento mais difícil foi, sem dúvida, a crise que o país passou nos últimos dois anos. “Em nenhuma outra ocasião, no passado, a alimentação, em geral, sofreu tanto com essa retração do mercado e crise econômica. A lição aprendida foi de deixar sempre bem estruturada a empresa para que se tiver que passar por cenários adversos, como esse recentemente, a operação continue viva no mercado. E isso só aconteceu em função da boa estrutura da Patroni”, relata.

Segundo a experiência de Rubens Junior, a alimentação é o último segmento a cair em uma crise e o primeiro a se reerguer em uma retomada de crescimento. De fato, os dois últimos anos foram os piores na história da alimentação no Brasil, com quedas de vendas que chegaram a 20% do faturamento. Já no primeiro trimestre de 2017, foi registrado um surpreendente crescimento em relação ao mesmo período dos anos anteriores (2015/2016). E, mesmo em um cenário de crise, como a atual, Rubens Junior acredita que essa tendência se manterá de forma positiva ao longo do ano, com um crescimento constante.

Para o futuro, Rubens Junior almeja chegar a 500 lojas nos próximos anos e já planeja uma expansão internacional, com a primeira unidade nos EUA. A expectativa dele é de manter o ritmo de crescimento e trazer cada vez mais inovações para os clientes como, por exemplo, uma linha de alimentos fit e expandir para espaços nas praças de alimentação em supermercados.

A lição de vida que pode ser contada com a história de Rubens Junior foi transformada em livro. Intitulado “Em Nome do Pai – A história da maior rede de pizzarias do Brasil, e os ensinamentos do seu criador, Rubens Augusto Júnior”, escrito por Pena Placeres e Ivani Cardoso, retrata a trajetória do empresário, que teve uma infância marcada por dificuldades e um caminho bem sucedido após muita dedicação e persistência.

Sobre Rubens Augusto Junior

Cidade natal: São Paulo (capital)

Idade: 59 anos

Formação: Economista

Sobre a Patroni

Sede: São Paulo

Número de lojas franqueadas: 192

Número de funcionários próprios: 370 pessoas

 

 

 

 

 

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