World Happiness Report 2025: Como a pandemia mudou as conexões humanas e a nossa forma de ajudar os outros?

Por Ana Carolina Peuker, doutora em psicologia e CEO da Bee Touch*

World Happiness Report 2025 coloca em foco uma transformação significativa no comportamento humano desde a pandemia de Covid-19, e o tema central do relatório reforça um ponto que também foi explorado na abertura de Kasley Killam no SXSW 2025: a evolução da saúde social e sua relação direta com o bem-estar coletivo. Este conceito, que ganhou destaque durante a crise, é agora visto como um pilar fundamental para a felicidade e qualidade de vida, sendo cada vez mais reconhecido como essencial para a manutenção de um estado de saúde físico e mental.

De acordo com o relatório, a pandemia gerou um “pico de benevolência”, um aumento nos atos de generosidade e ajuda mútua, como doações e voluntariado, que persistiu além do período crítico de 2020. Os dados de 2024 indicam que as ações de ajuda a estranhos, por exemplo, continuam 18% mais altas do que antes da pandemia. Esse movimento reflete uma mudança mais profunda em nossa relação com os outros, sugerindo que, ao longo dos últimos anos, as pessoas passaram a valorizar mais as conexões genuínas e a oferecer apoio de maneira mais constante.

No SXSW 2025, a abertura de Kasley Killam também tocou neste ponto, destacando a importância das “conexões humanas genuínas” como uma espécie de “musculatura social” essencial para o bem-estar. Ela sugeriu que, após o choque da pandemia, as pessoas começaram a perceber mais claramente a importância de ajudar o próximo, não apenas por uma questão de necessidade, mas também pelos benefícios emocionais que surgem de tais interações.

World Happiness Report 2025 confirma isso ao apontar que os atos de generosidade continuam a ser mais frequentes em todas as gerações e regiões globais, embora tenham caído ligeiramente em 2024. Esse fenômeno, no entanto, reflete uma tendência positiva e persistente, sugerindo que a bondade e a generosidade, anteriormente vistas como algo pontual ou temporário, agora se incorporaram mais profundamente ao cotidiano das pessoas.

O relatório também revela que a solidão e o isolamento social continuam sendo questões graves, mas que, ao mesmo tempo, as ações benevolentes podem ajudar a mitigar esses efeitos. A pesquisa indica que, em um mundo mais conectado digitalmente, as interações reais, como compartilhar refeições, são profundamente benéficas para a saúde mental e emocional, reforçando a ideia de que a qualidade das conexões é mais importante do que a quantidade.

Portanto, o World Happiness Report 2025 e as ideias trazidas por Kasley Killam no SXSW se entrelaçam ao sublinharem a relevância da saúde social no panorama atual. A pandemia nos ensinou que ajudar os outros não é apenas um gesto altruísta, mas uma prática essencial para o nosso bem-estar coletivo, e é algo que, se cultivado, pode gerar um ciclo positivo de felicidade e conexões mais profundas. A verdade é que as ações benevolentes e as interações humanas autênticas estão se tornando cada vez mais centrais em nossa busca pela felicidade e qualidade de vida.

 

*Além de fundadora e CEO da Bee Touch, deeptech pioneira no uso de métodos digitais para a avaliação de riscos psicossociais, Ana Carolina Peuker é PhD e pós-doutora em Psicologia, foi professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Referência em saúde mental no trabalho, é diretora de Mercado e Expansão da ABQV e conselheira do Movimento Mente em Foco do Pacto Global da ONU. 

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