Startup Base Mobile otimiza conectividade móvel no Brasil

Após conquistar licitações do setor educacional público com sistema de filtro de conteúdo na Internet e troca remota de operadora, pernambucanos visam à criação de plataformas customizadas para empresas 

Pelo menos uma vez na vida você deve ter ficado esperando alguns minutos na frente de uma “maquininha” para que seu pagamento fosse processado. Ou ter tido receio de acessar o aplicativo do seu banco pela rede wifi do aeroporto. Você talvez já tenha ouvido falar de acidentes com drones que perderam a conexão com seu controlador. Olhando mais além, provavelmente você leu alguma reportagem sobre protótipos de carros autônomos que tomaram decisões erradas. Por fim, com certeza você já ficou sem sinal de celular em uma situação de necessidade.

Tudo isso é natural que aconteça em uma sociedade em processo de digitalização. Em que novas tecnologias, como inteligência artificial, streaming, 5G e Internet das Coisas (IoT) são incorporadas gradativamente ao dia a dia de pessoas, empresas e governos, gerando cada vez mais tráfego de dados entre quem as usa. Nesse cenário, é fundamental ter sistemas que organizem o fluxo desses dados, racionalizando e otimizando seu uso para se obter os benefícios da conectividade móvel.

Esse é o propósito da Base Mobile, startup pernambucana criada em 2021 com o objetivo de ser protagonista dessa era de transição no Brasil. E, mal começou, a empresa já dá passos largos nessa direção: o seu primeiro desenvolvimento é o eSIM Card, um cartão com um chip universal, que pode conter mais de uma linha telefônica e permite a troca da operadora de maneira remota. Faltou sinal? Foi viajar? Em tempo real, você consegue acessar uma nova rede de conexão à Internet. Muita gente que não tem o recém-lançado iPhone 14 nem outro smartphone com o chip universal incorporado – atualmente só os produtos top de linha possuem a tecnologia – pode se beneficiar em breve dessa solução inovadora.

“A tecnologia do chip universal possibilita ao consumidor trocar facilmente de prestador de serviços, por questões de instabilidade ou perda de sinal, ou mesmo por diferença de preços”, explica Rivaldo Paiva, CEO da BaseMobile. “Com isso, dá mais poder aos usuários.”

Antes de chegar ao “varejo”, porém, o eSIM Card já está transformando a vida de muitos estudantes Brasil afora. Até o fim de 2023, os estados brasileiros têm à sua disposição um orçamento total de R$ 3,5 bilhões — originados do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) — para prover conexão à Internet a até 22 milhões de alunos carentes do Ensino Básico público. Ao mesmo tempo, o Governo Federal, por meio do Programa Internet Brasil, iniciou a distribuição de 10 mil chips universais (eSIM) a esse público. Ambas as iniciativas têm como propósito estimular o ensino híbrido, dando condições para que os estudantes estendam suas jornadas de aprendizado para além da sala de aula.

A Base Mobile desenvolveu um sistema próprio de gerenciamento de programas de conectividade, que, nesse caso, permite que os recursos públicos sejam utilizados apenas para fins educacionais. Isso é possível com o uso de um filtro de conteúdo na nuvem, que dá aos gestores educacionais o poder de bloquear endereços eletrônicos inadequados para crianças e adolescentes. Além disso, o sistema criado pela startup pernambucana oferece as funcionalidades de monitoramento das atividades dos alunos, controle de assiduidade e medição do nível de aprendizado. Por fim, mas não menos importante, o chip universal (eSIM) permite a troca da operadora de telefonia móvel de maneira remota. Isto é, se o sinal de uma operadora X cair, ou estiver instável, é possível passar para outra rede móvel em tempo real, sempre com o intuito de oferecer aos estudantes a estrutura necessária para realizarem suas atividades.

“Anteriormente, os governos usavam chips convencionais e sistemas de bloqueio instalados nos aparelhos. Com isso, os estudantes podiam facilmente burlar o sistema e usar o pacote de dados custeado pelo poder público para outros fins que não os educacionais”, diz Rivaldo Paiva, CEO da Base Mobile.


Rivaldo Paiva, CEO da Base Mobile, mostra o eSIM Card

Com essa solução, a Base Mobile venceu licitações educacionais e vem implantando o atendimento a mais de 700 mil estudantes dos ensinos Fundamental, Médio e Superior, de programas geridos pelo Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco, pelas prefeituras de Nova Lima (MG), Lagoa Santa (MG) e Goiana (PE), e por um consórcio de dezenas de municípios de Santa Catarina e pelo Ministério das Comunicações (Programa Internet Brasil).

Além do setor educacional, a startup mira outros mercados. No segmento de adquirência, que faz a comunicação entre o comércio, as bandeiras de cartões e os bancos, a Base Mobile pretende atuar com um sistema que dê a estabilidade e segurança necessária para que as “maquininhas” processem pagamentos com eficiência. Para atender o agronegócio, a empresa está desenvolvendo uma solução que viabiliza a operação à distância, em grandes fazendas, de drones, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas. Nas corporações, o eSIM está sendo utilizado para gerenciar com maior eficiência os planos de dados de seus funcionários, podendo mudar de operadora na busca de melhores preços, sem necessidade de troca do chip. No setor automotivo, a maioria dos veículos mais modernos possui um chip universal instalado no seu sistema de conectividade.

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