Economista questiona: afinal de contas, varejo já chegou no fundo do poço?

“O segmento está ‘apertado’, mas ainda há oportunidades”, afirma Volnei Eyng, CEO da Multiplike, ao comentar as últimas movimentações das grandes marcas do varejo brasileiro

A fusão entre a Arezzo (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3), conglomerado de moda que detém, inclusive, marcas como a Hering e a Farm, ganhou destaque no noticiário no último domingo (4/2), quando alguns veículos segmentados anteciparam uma combinação de negócios que seria anunciada oficialmente em poucas horas. O comunicado veio na manhã seguinte e os analistas já estimam uma megaempresa com R$ 12 bilhões em faturamento anual.
Outra grande varejista que vinha sendo pressionada pela inflação e pela concorrência anunciou, dia 28 de janeiro, um aumento de capital de R$ 1,25 bilhão. Com isso, o Magazine Luiza (MGLU3) pretende fortalecer os investimentos, especialmente no setor conhecido como Luizalab, dedicado à tecnologia, pesquisa e desenvolvimento do grupo. O objetivo é aumentar a equipe dessa área de 2.000 para 3.000 funcionários até o final de 2024. A ênfase principal recai sobre os projetos relacionados à inteligência artificial generativa, computação em nuvem e aprimoramento da experiência do usuário.
O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por sua vez, também deve oficializar um aumento de capital em breve, para melhorar sua estrutura de caixa e fazer frente à demanda. O GPA espera aprovar em assembleia o seguinte:

  • Aumento do limite do capital autorizado, passando de 400 milhões para 800 milhões de ações ordinárias, mediante a modificação do artigo 5º do Estatuto Social da empresa;
  • Inclusão da gestão de ativos intangíveis não-financeiros no escopo do objeto social, por meio de alteração no Estatuto Social;
  • Modificação no número de co-vice-presidentes e nas atribuições para a nomeação do Presidente e do Vice-Presidente do Conselho de Administração;
  • Consolidação do Estatuto Social para refletir as alterações propostas acima.

O que une estas companhias é o fato de elas atuarem no varejo, sendo a primeira no setor de moda, a segunda em móveis e eletrodomésticos e a terceira no de alimentos. Este segmento viu boa parte dos investidores migrarem para outros setores da Bolsa brasileira, principalmente porque os ativos vinham derretendo desde a pandemia de covid-19, que chegou ao Brasil em fevereiro de 2020. Além disso, a concorrência com varejistas chinesas também afetou grandemente o lucro dessas operações.

Ainda assim, por mais crítico que seja o panorama, ninguém duvida da resiliência destas empresas e do quanto estão focadas em reverter a situação. Para o economista Volnei Eyng, o segmento está “apertado”, mas ainda há oportunidades.

Mas, e o fundo do poço?
Para Eyng, o varejo ainda não atingiu o fundo do poço, considerando a recuperação em 2023, as movimentações recentes e o início de 2024. Ele lembra que no acumulado de janeiro a novembro de 2023, o comércio varejista registrou um aumento de aproximadamente 2,3%, contrastando com a queda de -0,8% no mesmo período de 2022.
“O crescimento de 1,2% em 2021 foi impulsionado pela recuperação pós-pandemia e pelo aumento do endividamento das famílias. As expectativas para 2024 apontam para um crescimento no faturamento entre 2% e 3%, refletindo projeções para o consumo interno”, diz.

“Destaca-se um manifesto ao Ministério da Fazenda, pedindo o fim da isenção de imposto para produtos exportados até US$ 50, alegando concorrência desigual. O setor enfrentou desafios na Bolsa, com a retomada de ofertas de ações mais lenta do que prevista, devido a incertezas que desencorajam investidores”, ressalta.

Houve reestruturação, então?
Conforme o economista, as empresas focam em reestruturação interna em 2023, com cortes de custos, fechamento de lojas e ênfase no comércio eletrônico. “A perspectiva de redução das taxas de juros não impulsionou as ofertas de ações devido a incertezas macroeconômicas, concorrência e impactos da Medida Provisória 1.185 na tributação”, destaca.

Ele reforça que subsetores, como varejo de alimentos, devem ter um 2024 mais favorável após desafios em 2023, especialmente devido à deflação. “Uma recuperação rápida é esperada quando os consumidores têm mais dinheiro disponível”, indica.
Ainda assim, elenca que a recomendação é de cautela para investidores interessados no varejo devido às incertezas persistentes, cenário macroeconômico, concorrência e impactos da Medida Provisória 1.185.
“O investidor de varejo deve se ater às companhias que estão conseguindo se adaptar a um novo ritmo de consumo, principalmente no que tange à digitalização. Na sequência, o investidor de varejo deve procurar as empresas que estão diminuindo seu endividamento”, frisa.

Sobre a Multiplike:
Fundada em 1999, a Multiplike é uma das dez maiores gestoras multissacado/ multicedente e securitizadoras de crédito privado do país, especializada em antecipação de recebíveis e capital de giro. Com mais de R$ 30 bilhões em créditos cedidos nos últimos anos, a companhia atua nos principais mercados, tais como: construção civil, agronegócio e indústria.
Com mais de 200 colaboradores, a Multiplike possui uma carteira de mais de 400 mil clientes, se consolidando como a empresa com maior rentabilidade do setor financeiro da região sul do Brasil.
A empresa adota um modelo distinto em relação aos bancos tradicionais, baseando-se na alocação de recursos próprios como garantia para os investidores. Essa abordagem estratégica se traduz em vantagens substanciais, particularmente quando a economia demonstra estabilidade. Nesse cenário, a empresa pode capitalizar sua considerável capacidade de alavancagem, permitindo um crescimento mais acentuado. Isso se deve à confiança que os investidores depositam na Multiplike como parceira sólida e confiável.

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