Real é a moeda que mais se valoriza e exportadores perdem R$ 90 bilhões

O Brasil está em primeiro lugar no ranking dos países que mais apresentaram valorização em sua moeda frente ao dólar. Enquanto a média mundial foi de quase 23%, a brasileira ficou em 46%, bem à frente dos demais países emergentes. A média da China foi de 22% e a da Rússia, de 17%.

Os dados são de um estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O diretor do Derex (Departamento de Comércio Exterior e Relações Internacionais), da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, estimou uma perda de R$ 90 bilhões na atividade exportadora para este ano, por conta dessa valorização cambial.

Ele comparou a média cambial do ano passado, de R$ 2,10, com a estimativa de 2008, que deve ficar na casa de R$ 1,60. Segundo o diretor, além de uma possível retração da taxa de juros – utilizada para conter a inflação -, o governo deveria controlar suas despesas e forçar um ajuste fiscal.

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Brasil pode perder grau de investimento

Para ele, a valorização cambial também foi a grande vilã, pelo déficit de RS$ 18,7 bilhões no saldo da balança comercial de produtos manufaturados e pelo aumento de US$ 30,2 bilhões nas importações, em apenas um ano. "Quem está segurando o saldo positivo total das exportações brasileiras é o agronegócio, com forte ajuda dos altos preços das commodities".

"Se não houver um choque de gestão, teremos uma forte desaceleração na economia", disse Fonseca na última sexta-feira (8). "Sem um ajuste fiscal, em menos de três anos, perderemos o grau de investimento".

"Parece que há uma inércia no governo em dar respostas sobre esse problema. Quando elas aparecem, são paliativas", afirmou. "Ainda há tempo para consertar, mas não podemos esperar mais do que dois anos".

Proposta

A Fiesp irá propor ao governo algumas medidas para conter essa valorização acelerada. Entre elas, está a criação da "ACC em reais", que possibilitaria o financiamento das exportações com o uso da moeda nacional.

Atualmente, as operações de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), que permitem ao empresário receber antecipadamente pelas mercadorias destinadas às exportações futuras, são realizadas em moeda estrangeira. A idéia é substituir o financiamento externo pelo interno, o que, conforme Giannetti, eliminaria a entrada antecipada de dólares no Brasil.

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