Depois de seis meses, conversores para TV digital continuam com preços elevados

A TV digital completa hoje (2) seis meses de transmissão no Brasil. Na região metropolitana de São Paulo, a primeira a receber o sinal, poucos modelos de conversores estão à venda no mercado de produtos eletrônicos e a procura pelos aparelhos ainda é pequena. O aparelho conversor é usado para que a TV que funciona no sistema convencional, chamado analógico, receba o sinal digitalizado.

Vendedores de seis lojas que ficam na região de Santa Ifigênia, principal núcleo do comércio de produtos eletroeletrônicos da cidade de São Paulo, informaram que continua pequena a procura pelos conversores. Os preços nessas lojas variam entre R$ 780 e R$ 1.080. Em três portais de venda pesquisados na internet, os preços variam de R$ 489 a R$ 1.099.

Os preços continuam os mesmos de quando a TV digital foi implantada, em dezembro de 2007. Segundo informações da assessoria de imprensa da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), quatro empresas atualmente estão produzindo conversores na região e outras nove estão em fase de implantação. De acordo com a Suframa, de janeiro a março de 2008, a produção de conversores foi de 14.619 unidades.

Em entrevista coletiva no fim do ano passado, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que em poucos meses o preço do conversor chegaria a R$ 200,00. Na ocasião ele pediu paciência aos consumidores.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazona informou que todas as empresas que já produzem conversores e que estão em fase de implantação tiveram seus projetos aprovados  e têm incentivo fiscal do estado.

A Suframa alega que não há nenhum acordo para que os fabricantes coloquem os conversores com preços sugeridos e mais baixos, e que tudo “vai depender do mercado”. Apenas um fabricante, a Proview Eletrônica do Brasil, que ainda está em fase de implantação na Zona Franca de Manaus, conseguiu chegar a um protótipo com preço final próximo a R$ 200,00.

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A Agência Brasil entrou em contato com a empresa para saber quando os conversores estarão no mercado e confirmar a faixa de preço, mas a secretaria da presidência da Proview informou que ninguém poderia falar.

De acordo com a Secretaria de Planejamento, as empresas têm  “obrigação legal, na prática uma contrapartida aos incentivos fiscais” que recebem do estado, de instalar o empreendimento e “garantir a arrecadação de impostos e geração de emprego”. Em relação ao preço “é uma condição estabelecida pelo mercado”, mas no caso dos conversores, houve um acordo "informal” para que os aparelhos tivessem preços acessíveis.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Eletro, Eletrônicos e Similares de Manaus, Wilson Périco, disse que o preço final ao consumidor não chegará ao valor previsto pelo ministro. “Já existem decodificadores na faixa de R$ 200,00, como preço final da fábrica. Para Périco, além do conversor, em alguns casos, ainda tem o preço da antena, do cabo, dependendo da distância até o conversor, e da instalação, o que acaba encarecendo e afastando os consumidores. Ele faz críticas ao modelo brasileiro e à forma como a TV digital foi apresentada à população.

“O produto em si não tem uma qualidade e o marketing foi feito de maneira equivocada. O governo precisa fazer um marketing verdadeiro e mostrar os benefícios reais dos sistema para ter maior comercialização do produto. O consumidor não consegue enxergar vantagem suficiente para comprar”.

Périco lembrou da época em que o Brasil passou a ter TV em cores. “Quem ia a uma casa que tinha TV colorida se sentia motivado a comprar. Hoje, quem vai à casa de quem tem TV digital não se sente motivado a tê-la”.

De acordo com o cronograma da TV digital, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador têm até julho deste ano para operar comercialmente o sistema. O Rio de Janeiro recebeu autorização do governo para operar com sinal digital em janeiro e as emissoras estão realizando testes. O mesmo já ocorre em Belo Horizonte.

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