12 mulheres que são líderes em mercados majoritariamente masculinos

Confira o que pensam algumas das gestoras que estão desafiando o status quo dentro do ecossistema corporativo brasileiro

Ainda há um grande déficit em relação às oportunidades de mercado para homens e mulheres, especialmente, em cargos de liderança. E, apesar de um crescimento da representatividade feminina no ecossistema corporativo nas últimas décadas, há um longo caminho a ser percorrido. Para ilustrar, segundo o levantamento Boardwomen Index IBrX100, da PWC e da 30% Club Brazil, atualmente, as mulheres representam 20% das posições em conselhos de administração – um crescimento em relação aos índices anteriores.

O caminho para equidade ainda é longo, mas é pensando nisso que, neste Dia Internacional da Mulher, listamos 12 líderes que desafiam mercados e inspiram a luta pela equidade de gênero no meio corporativo.

Wana Schulze, (foto em destaque),  Head of Investment & Portfolio da Wayra e Vivo Ventures (Vivo/Telefónica)
O mercado financeiro é historicamente dominado por homens e a indústria de ativos alternativos, incluindo venture capital, também segue a mesma tendência. Para ilustrar, nos EUA apenas 11% dos cargos de liderança em venture capital são ocupados por mulheres. Diante desse cenário, Wana Schulze, head de investimento da Wayra e Vivo Ventures, acredita que “o maior desafio para um líder ou uma líder em investimentos é criar uma equipe com diversidade cognitiva, com experiências que trazem perspectivas diferentes para um mesmo problema – algo essencial em venture capital. Por isso, diversidade em times de investimento não é apenas uma questão de justiça ou ética, mas uma vantagem estratégica para levar a melhores decisões de investimento”, completa.

Priscila Moherdaui, Head de Marketing na nstech
A nstech é uma plataforma que oferece soluções logísticas integradas para todo o ecossistema, do embarcador ao motorista. Para a executiva, “os maiores desafios da liderança na área envolvem a falta de representatividade feminina, principalmente em níveis mais altos das organizações. O setor logístico é tradicionalmente masculino e tem um longo caminho a percorrer na equidade de gênero. Para criar soluções reais, precisamos de visões reais do mundo, o que é impossível sem diversidade. Diversidade é sinônimo de inovação e evolução”. Com o intuito de fomentar a liderança feminina na logística, a nstech anuncia o lançamento de uma comunidade dedicada a executivas do setor, o Mulheres na Logística. Para criar uma rede de contatos e estabelecer relações de confiança, a comunidade conta com líderes de grandes empresas e multinacionais.

Nara Iachan, cofundadora e CMO da Cuponeria Loyalty, startup que ajuda empresas a fidelizar clientes e que já foi investida pelo Google, Bradesco e ACE
Para Nara Iachan, empreendedora que trouxe o hábito de usar cupons para o Brasil, ainda há a necessidade de mais mulheres em empresas que atuam na área, principalmente em cargos mais altos. Por isso, a empresa tem como iniciativa e foco contratar mulheres para posições de liderança dentro da Cuponeria Loyalty, que hoje são 50% das líderes. “Atuar no mercado de tecnologia e no posto de líder é uma tarefa árdua e de conscientização diária do setor. Por isso, não é somente uma pauta muito importante para mim como mulher, mas principalmente como CMO da Cuponeria  Loyalty,” comenta a executiva Forbes Under 30.

Andrea Miranda, cofundadora e CEO da STANDOUT,  maior empresa de trade marketing digital do Brasil e referência em inteligência no setor
Para a cofundadora e CEO da STANDOUT, Andrea Miranda, o maior desafio ainda é estrutural. “Quando um levantamento demonstra que de todas as startups brasileiras menos de 10% possuem uma mulher cofundadora, e destas menos de 5% são cofundadas somente por mulheres, reflito sobre o quanto ainda precisamos apoiar e estimular a educação das meninas e adolescentes, para que elas tenham a chance de no mínimo sonhar com este futuro”, ressalta a executiva. Com o propósito de buscar por representação, letramento e por uma sociedade mais equânime, Andrea participa de eventos e sessões de mentoria para incentivar e empoderar mulheres nos negócios. “Também prezo pela contratação de mulheres. Aqui na martech, somos mais de 65%, inclusive, as áreas de TI, conteúdo, marketing e de relacionamento com o varejo são lideradas por mulheres”, destaca a CEO.

Cristina Varella Amorim, CHRO e diretora de Inovação na Adeste, indústria que transforma subprodutos de origem animal em grandes negócios
Engenheira química de formação, a profissional também possui MBA executivo pelo Insper. Ao longo da carreira, desenvolveu habilidades para atuar com sistemas de RH e eficiência organizacional, processos ágeis, planejamento de negócios e BSC e processos e sistemas financeiros. Na Adeste, hoje seus principais desafios são como fortalecer a cultura da economia circular e promover a inovação em uma indústria que está há 70 anos no mercado. Com passagens por grandes empresas como Novo Nordisk, Aché Laboratórios e BiOLAB Sanus Farmacêutica, Cristina também é Conselheira Consultiva do Grupo Mast.

Anna Guimarães, presidente do Conselho Consultivo do 30% Club Brazil, que fomenta a paridade de gênero nos Conselhos de Administração das empresas do IBrX 100 até 2026
A executiva é mestre em Ciência pelo ITA, possui MBA USP e mais de 20 anos de experiência como CEO, além de acumular atuação em Conselhos de Administração e Fiscal, bem como em Comitês de Auditoria, Gestão de Riscos e Inovação & Tecnologia. Durante a sua trajetória desenvolveu e dirigiu com o IBGC e Saint Paul um curso de preparação de “Conselheiras de Administração”, em cooperação com a Columbia University e Johns Hopkins (EUA), onde foram preparadas 100 novas conselheiras. Neste momento, iniciou sua busca pela paridade de gênero em Conselhos. Anna foi convidada a presidir o 30% Club Brazil, em 2019. Após esse marco, o País ficou na oitava posição entre todos os países participantes da iniciativa.

Jéssica Muniz, de estagiária a sócia e Head de Operações da BossaBox
Começou como estagiária na BossaBox, e após dois anos de atuação na startup, a executiva, que é recifense, assumiu o desafio de aumentar a diversidade do time, garantindo que mais mulheres atuem no mercado de tecnologia. Atualmente é sócia e head de operações e responsável pela operação de montagem e gestão de squads. Ser uma líder mulher e nordestina não é uma tarefa simples. Comentários e ações excludentes fizeram parte de sua trajetória, o que não a abalou, pelo contrário, Jéssica aprendeu a ressignificar essas situações e transformá-las em motivo de orgulho pessoal e buscar equilíbrio para atuar na liderança de times.

Ana Júlia Kiss, fundadora e CEO da Humora, startup focada em facilitar o acesso à cannabis para o cotidiano
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Marijuana Business Daily, apenas 37% dos cargos executivos da indústria da cannabis são ocupados por mulheres. Ana Júlia Kiss faz parte deste número. Ela ingressou no setor com duas missões claras: desmistificar o uso da substância para produtos para o cotidiano e abrir caminho para mais mulheres. Por isso, ela também atua como investidora-anjo em empresas fundadas e/ou lideradas por mulheres, contribuindo para que mais mulheres possam ingressar no mercado de trabalho e ocupar cargos de liderança.

Alline Goulart, diretora de Operações da Semente Negócios, empresa que desenha soluções de inovação que valorizam a vida
“Como lideranças somos um espelho das nossas necessidades. Ao não ter mulheres na alta liderança de empresas e nas mesas tomadoras de decisão, a sobrecarga mental e trabalho das mulheres dificilmente entram para discussão. Dentro do ecossistema de inovação que faço parte não é diferente. Ao longo desses anos a frente da Semente discuti inúmeras vezes com empresas de fomento ao empreendedorismo os motivos e as soluções de termos programas de aceleração com pouca diversidade.  Vi pouca vontade de mudar esse cenário e as rotas alternativas – como programas específicos para nós – tomando força por não mexer no status quo. Percebo na prática que as lideranças não estão dispostas a trabalhar inclusão como estratégia de crescimento, mesmo que diversos estudos comprovem os resultados positivos“, afirma.

Alcione Pereira, CEO e fundadora da Connecting Food, primeira foodtech brasileira especializada em conectar os alimentos que seriam descartados por empresas, mas ainda são bons para o consumo, às organizações sociais
“Ser empreendedora no Brasil é desafiador por si só. No caso dos negócios de impacto social é ainda mais difícil. Isso porque estamos inseridos dentro de um sistema que não estimula negócios voltados para impacto, uma vez que todo nosso sistema tributário e regulatório é desenhado de forma a não incentivar este tipo de empreendedor. Porém, vejo que ser uma mulher que empreende com impacto social neste cenário é algo muito positivo, porque estou utilizando da minha experiência para proporcionar um grande impacto na sociedade, investindo esforços para questões voltadas para os meios social e ambiental, promovendo um olhar mais sistêmico e valorizado, considerando o ser humano no centro e a diversidade nos negócios”, finaliza a CEO.

Carolina Kia, cofundadora da weme  consultoria de design e tecnologia e CEO da Bud, solução de gestão ágil para empresas, e MIT Innovators Under 35 de 2023
Carolina Kia, cofundadora da weme e cofundadora e CEO da Bud, destaca a importância de inspirar outras mulheres. “Para mim, liderança significa criar espaços onde as pessoas se sintam inspiradas a crescer, não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente. É sobre criar um ambiente onde a inovação possa acontecer a partir da diversidade de pensamentos, não apenas no aspecto de equidade de gênero, mas de experiências de vida. Um ciclo virtuoso de empoderamento, onde as conquistas de uma mulher se tornam inspiração para as demais. Hoje, as mulheres representam 40% da weme”, afirma.

Itali Collini, diretora da Potencia Ventures, grupo de investimentos voltados para negócios de impacto social fundado e liderado por mulheres
Existem dois grandes desafios que as mulheres enfrentam no mundo dos investimentos e das startups: os vieses inconscientes que estão presentes no setor – e fazem com que investidores confiem menos em empresas fundadas e lideradas por mulheres – e a falta de conexões e relacionamentos das empreendedoras, muitas vezes excluídas de redes de contato e networking por conta do seu gênero. “Para superarmos esses pontos, é importante, primeiro de tudo, ter uma educação e um letramento de gênero e diversidade dentro das empresas, além da criação de redes de apoio e oportunidades para as mulheres líderes e empreendedoras”, afirma a profissional.

Facebook
Twitter
LinkedIn