Maior entidade do país de apoio aos micros e pequenos empreendedores abriga no momento um duelo de forças do anterior e do atual governo federal
O impasse atual na direção nacional do Sebrae, maior instituição de apoio aos micros e pequenos empreendedores do país, que no ano passado completou 50 anos de atividades e tem uma verba anual de R$ 5 bilhões, chega até ao Senado e a Câmara dos Deputados Federais. Os parlamentares estão diante de uma verdadeira força de braço. De um lado está o atual presidente do Sebrae Carlos Melles, ex deputado federal mineiro por 6 mandatos e reeleito e empossado na instituição no ano passado para o quadriênio 2023 /2026. De outro lado está o possível novo candidato a presidente nacional do Sebrae Décio Lima, ex prefeito de Blumenau e ex candidato a governador de Santa Catarina que tem o apoio do amigo pessoal e presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Formada por 196 deputados federais e 19 senadores, a Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (FPS), entra nessa briga para que a instituição de apoio aos empreendedores que mais geram empregos ( 95% do mercado de trabalho) e são os responsáveis pela maior geração de riquezas do país, não sofra continuidade nas suas ações.
Sem vínculo
Mesmo sendo um serviço social autônomo, desvinculado da administração pública por lei desde 1990, o Sebrae com ramificações em todas as regiões brasileiras, sempre atuou em estreita colaboração com o governo federal, independente do alinhamento político partidário, sem ser uma “repartição pública”. Isso ocorreu nos governos de Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Nesse atual governo surgiu o impasse. Carlos Melles foi indicado no governo Bolsonaro. Lula quer neste posto um aliado, pois sabe da força e da importância dessa instituição. Agora os deputados e senadores querem achar uma rápida solução para esse impasse. O senador Efraim Filho (DEM – PB), presidente da Frente Parlamentar pelo Senado, assina e está divulgando um manifesto público, ao lado do deputado federal Domingos Savio ( PL – MG), em favor da independência do Sebrae. Ele ressalta o trabalho desenvolvido pela instituição nas últimas décadas e diz que ela não pode sofrer nenhuma interferência governamental. “Esse é um jogo de ganha a ganha. Tem que ser bom para a Sebrae. Bom para o Governo e melhor ainda para os micros e pequenos empreendedores”, diz.
Duelo final
No dia 8 de março estava marcada uma reunião do Conselho, formado por 15 representantes do governo e de entidades privadas, com o objetivo de ratificar a permanência de Carlos Melle ou oficializar a entrada de Décio Lima. Na última hora essa reunião foi suspensa. O governo indica 5 cadeiras. Todos estão favoráveis a Décio Lima. Conta com mais três votos de conselheiros. Faltaria, pelos cálculos do atual governo, mais três votos favoráveis. É nesses três votos faltantes que está o duelo que pode ter um fim numa próxima reunião, ainda não marcada.
