METASKILLING: O novo upskilling & reskilling

Por Mariana Achutti, fundadora e CEO da SPUTNiK*

A educação corporativa conhece bem os dois termos em inglês. Eles consistem nos maiores desafios das organizações – cada vez mais. Por quê? Ao olharmos para os conceitos, já fica evidente: Upskilling é o aprimoramento de habilidades e Reskilling é o desenvolvimento de habilidades diferentes.

Portanto, em um contexto – global e local – de mudanças intermitentes, incerteza, surpresas constantes e novas demandas, estar habilitado/a é mandatório. Como norte, por exemplo, temos as 15 novas habilidades apontadas pelo Fórum Econômico Mundial e as 56 habilidades do futuro previstas pelo McKinsey Global Institute.

Mas como chegaremos lá? Como estar em dia com esses processos, sem desperdiçar tempo, dinheiro e energia? Como ter assertividade nas habilidades a aprimorar ou aprender? De que forma garantir um ROI satisfatório das jornadas de upskilling & reskilling?

A resposta é: elevar o upskilling & reskilling a outro patamar. E isso é o que chamamos de metaskilling.

O que é metaskilling?

O report de Tendências 23: O óbvio (re)descoberto chegou ao termo a partir de dois racionais:

Up&reskilling são pilares de OKRs. Ganharam um lugar prioritário na mesa de todas as lideranças, independente da área. E valem tanto para hard skill, quanto para soft skills e – mais ainda – para as power skills. Pesquisas e entrevistas deixaram esse diagnóstico evidente – em especial, nas grandes corporações. O custo financeiro e emocional do turnover costuma ser alto. E os/as gestores/as já entenderam que é mais eficaz desenvolver alguém do time do que buscar uma nova pessoa para determinada função, por diversos motivos, não apenas financeiro. No estudo, arredondamos upskilling & reskilling como qualificação;

A meta-aprendizagem tem servido ao desenvolvimento de pessoas no mercado de trabalho de forma preciosa. Para gerar engajamento e resultados mais efetivos, a educação corporativa baseada na meta-aprendizagem estimula o indivíduo a “aprender a aprender”, ou seja, a olhar para seu processo de aprendizagem e entender como/quando/onde/o que aprende mais e melhor.

A partir disso, identificamos que:

– As lideranças estão desviando cada vez mais das “soluções de prateleira” e combatendo qualquer viés de “treinar para cumprir tabela”;

– Os/as colaboradores/as só engajam em uma aprendizagem que entregue significado, e conexão com necessidades e vontades individuais.

Portanto, temos a meta-aprendizagem e o up&resklling (qualificação) diretamente relacionados, em um movimento cíclico, que se retroalimenta e escala. E assim, ele se aprimora a cada ciclo, em que o indivíduo se torna mais consciente sobre seu processo de aprimoramento e/ou desenvolvimento de habilidades e, consequentemente, absorve, retém e aplica melhor o conhecimento. E esse é o conceito que propomos ao trazer metaskilling.

Considerando o significado do prefixo -meta, podemos definir que metaskilling significa “qualificar a qualificação”. Ou, em outras palavras, a habilidade de se qualificar.

“Da mesma forma que Foucault ensina nas relações entre as palavras e as coisas, existem milhares de sujeitos e objetos que, invisíveis, determinam o que chamamos de conhecimento ou ignorância. É necessário e urgente continuar a escrever uma teoria do conhecimento sobre como ele é gerado por caminhos cada vez mais complexos, interdisciplinares, sistêmicos.” Bruno Latour, filósofo, antropólogo e sociólogo. 

Como desempenhar o metaskilling – ou seja, como desenvolvemos a habilidade de nos qualificarmos? 

Resposta simples (de ação complexa): exercendo o pensamento crítico sobre o que consumimos.

Aprender é o primeiro passo de upskililing ou reskilling. Mas saber o que fazer com o aprendizado é fundamental: encontrar a melhor aplicabilidade das novas ou melhores habilidades. O metaskilling é que vai habilitar os times e as lideranças a solucionar problemas de forma criativa e ágil, a aprimorar os processos, as entregas e os resultados.

Nessa linha, o conceito de pensamento crítico aplicado à aprendizagem corporativa é o novo buzz.

Em tempos de infoxicação, as pessoas vão empilhando conteúdo, sem aprender. Empilhar conteúdo é abrir uma infinidade de abas no computador, ler inúmeros artigos, ouvir todos os podcasts possíveis, maratonar diversas séries, sem fazer conexões profundas. Isso não muda nada. Sempre nos preocupamos em não empilhar conteúdo em sala de aula. Precisamos desenvolver seres pensantes

Metaskilling é provocação do pensamento crítico, reflexão sobre o processo, aprimoramento & desenvolvimento do processo de qualificação, “up&reskilling do skilling”.

É um convite à redundância – no seu conceito em Tecnologia da Informação – para encontrarmos maior consistência. 

Como está o metaskilling na sua equipe?

 

 

*Mariana Achutti, fundadora e CEO da SPUTNiK, é empreendedora e vem ajudando a provocar mudanças no universo corporativo por meio de uma educação criativa e disruptiva em diversas empresas, como Google, Facebook, Globo, Boticário e Ambev. Mariana atuou durante anos como gestora da Perestroika, escola de atividades criativas destacada como “uma das nove empresas da nova economia brasileira”. Em 2014, intraempreendeu e criou a SPUTNiK, o braço in company da Perestroika.

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