Mulheres ganham posição de destaque no setor de tecnologia

Cofundadora da startup curitibana Easy 360, destaca a necessidade de incentivos para que participação feminina cresça ainda mais

Com presença cada vez maior em todos setores do mercado de trabalho, as mulheres também procuram abrir espaço em uma área ainda amplamente dominada pelo ambiente masculino: a de tecnologia. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de 2015 a 2022, houve um aumento de 60% na participação feminina na área de tecnologia. Mas apesar desse crescimento, o levantamento aponta que o setor ainda é composto por uma maioria de 83,3% de profissionais do sexo masculino.

Mesmo nesse cenário adverso, diversas profissionais estão conseguindo vencer as várias barreiras que impedem uma maior participação no setor, tornando-se exemplos para que mais mulheres invistam em uma carreira na tecnologia. Apresentar trajetórias de destaque de mulheres no setor é importante para incentivar a entrada de um público feminino jovem, mostrando que é possível a todas ter sucesso na área. É o caso de Andressa Vergutz (foto), cofundadora e head de tecnologia da Easy 360, uma startup com sede em Curitiba que desenvolveu uma plataforma on-line para otimizar a administração de empresas industriais, e que também criou um curso para a nova profissão de planner industrial, recém-chegada ao Brasil.

Com doutorado em Ciência da Computação pela UFPR, Andressa tem experiências acadêmicas na University of Ottawa, no Canadá, e na Northeastern University, nos Estados Unidos. Ela exerce um cargo de muita liderança na Easy 360, sendo a principal responsável da empresa em áreas como ciência de dados, IA (Inteligência Artificial) e algoritmos de Machine Learning (aprendizado de máquina), IoT (Internet das Coisas) e gestão do desenvolvimento da solução easy.

A head confirma que ainda há pouco incentivo para as mulheres, principalmente as mais novas, para que se interessem por tecnologia, algo que vem desde a educação básica, passando também pelo ambiente familiar e de trabalho. Ela revela que quando a mulher decide seguir a área da tecnologia, existem barreiras impostas inicialmente por preconceitos na educação, com colegas de sala de aula e professores desacreditando da sua capacidade em resolver problemas complexos de lógica. No ambiente de trabalho, em casos de discussões técnicas de planejamento e tomada de decisões para soluções de problemas, os profissionais muitas vezes não escutam e não acreditam na opinião que vem de uma mulher.

“Uma mulher e homem pode expressar a mesma ideia, porém a mulher precisa comprovar que possui conhecimento sobre o que está expondo, enquanto o homem, se não souber, irão escutar e aceitar, pois para ele está tudo bem se muitas vezes não souber algo. Para a mulher, muitas vezes, isso reflete tão mal que não consideram mais chamá-la para as próximas discussões. No geral, ainda não se enxerga mulheres em posições técnicas que requeiram pensamento lógico, porém o lado feminino aguça a atenção para detalhes que muitas vezes passam despercebidos quando comparado ao perfil masculino”, afirma.

“A diversidade proporciona inclusão”
Andressa destaca que a tecnologia é uma área para todos, que requer pensamento mais lógico, propensão para pensamento rápido na solução de problemas, o que vem do perfil e não do sexo da pessoa. “A diversidade proporciona inclusão, opiniões diferentes, pensamento fora da caixa, e tudo isso aguça a criatividade. Ela é essencial em qualquer área”, confirma.

Para a cofundadora da Easy 360, a mulher pode atuar em qualquer área tecnológica, seja programação, banco de dados, design de software, redes, inteligência artificial, análise de dados. “Nós mulheres temos a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, designs mais pensados, gestão de produtos bem planejadas, somos detalhistas, e isso favorece muito o ramo da tecnologia. Mas ressalto, a capacidade depende muito mais do perfil da pessoa. É preciso vencer a barreira de que não somos capazes e de que somos frágeis. Mulheres são tão capazes quanto homens, depende mais do esforço e dedicação de cada um”, destaca.

Em sua visão, para que outras mulheres também possam alcançar o que já conquistou em tecnologia, é preciso uma melhor divulgação da área para o público feminino. A tecnologia precisa estar disponível desde cedo nas escolas para incentivar as jovens alunas a participarem de projetos na área. Nas empresas, é necessário oferecer mais programas de qualificação, tanto para a entrada de mais mulheres na área tecnológica, como para incentivar ainda mais as que já estão nela a progredirem em suas carreiras.

“As oportunidades não chegam até as meninas nas escolas, principalmente na rede pública. Elas não sabem que a tecnologia envolve um mundo de oportunidades que vão muito além de somente programação. Precisamos divulgar tudo o que envolve o ramo da tecnologia desde cedo nas escolas, em casa, nas mídias digitais e outros meios de comunicação. Elas precisam saber que existem diversas opções e que elas podem se encaixar na área de tecnologia”, finaliza.

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